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ESTUDOS CIENTÍFICOS SOBRE A SÍNDROME METABÓLICA

ESTUDOS CIENTÍFICOS SOBRE A SÍNDROME METABÓLICA

Estudo mostra que o uso de cafeína em ratos alimentados com dieta hiperlipídica e hiperglicídica pode ter um efeito cardio e hepatoprotetor, além minimizar os impactos sobre o metabolismo da glicose e o peso corporal.

A cafeína é um alcalóide encontrado em diversos produtos alimentares, especialmente no café e em alguns tipos de chá. A substância age como um estimulante do sistema nervoso central podendo aumentar o gasto energético de repouso, o desempenho físico e a resistência à fadiga, além de poder favorecer as funções cognitivas e o estado de humor e alerta.

Estudos atuais apontam possíveis efeitos terapêuticos da cafeína no tratamento da hipertensão, fibrose hepática e melhora no perfil glicídico e lipídico, os quais estão associados à síndrome metabólica (SM). Para investigar a influência da cafeína sobre cada uma das condições clínicas da SM, um estudo com ratos realizado pela Universidade de Queensland, na Austrália, comparou o efeito de quatro dietas: 1) dieta controle a base de amido de milho (A); 2) amido de milho mais cafeína (0,5g/kg) (AC); 3) dieta hiperglicídica e hiperlipídica (H) e 4) dieta hiperglicidica e hiperlipídica mais cafeína (0,5g/kg) (HC). Os animais foram alimentados durante 16 semanas e a cafeína somente foi introduzida na oitava semana do estudo.

Ao final da pesquisa, os ratos alimentados com a dieta H apresentaram maior peso corporal, ingestão diária de energia, IMC e circunferência abdominal do que os ratos do grupo A (p<0,0001). O tratamento com cafeína foi capaz de diminuir o IMC (p<0,005) e circunferência abdominal (p<0,001) nos grupos AC e HC, em comparação com os ratos alimentados com as dietas A e H. A massa gorda foi maior nos ratos do grupo H, quando comparado aos três outros grupos. Como esperado, a dieta H ocasionou maiores prejuízos clínicos e metabólicos sobre a tolerância a glicose, sensibilidade a insulina, hipertensão arterial e sobre os marcadores da função hepática e cardiovascular quando comparados aos demais grupos (p<0,001). O tratamento com cafeína no grupo HC foi capaz de diminuir os níveis de pressão arterial sistólica, melhorar a tolerância à glicose a sensibilidade à insulina; além de atenuar anormalidades cardiovasculares e hepáticas (avaliadas pelo grau de inflamação nestes órgãos em cortes histológicos) quando comparado ao grupo H (p<0,001).

No entanto, as concentrações plasmáticas de lipídeos (colesterol total, triglicerídeos e ácidos graxos livres - AGL) foram superiores no grupo HC quando comparado as médias apresentadas pelos demais grupos (p<0,01). Segundos os pesquisadores, este aspecto indica que houve remoção de gordura da área abdominal, porém, a mesma não foi transportada para outras áreas que também armazenam lipídeos, tampouco foi metabolizada para produção de energia. Mesmo com este aumento de lipídeos séricos, o grupo HC apresentou menores graus de infiltração ou inflamação hepática ou cardiovascular que o grupo H.

Os efeitos identificados da cafeína sobre as desordens da SM foram atribuídos à capacidade dessa substância bloquear os receptores de adenosina fosfodiesterase - enzima responsável pela degradação do AMP cíclico - fazendo com que a atividade deste último possa ser potencializada. O AMP cíclico, por sua vez, atua sobre a enzima lipase hormônio sensível, estimulando outros hormônios e enzimas que promovem a lipólise.

Os pesquisadores concluíram que a cafeína possui ação cardio e hepatoprotetora, além de promover a diminuição do peso e da gordura abdominal e melhora do metabolismo da glicose neste estudo. Estes efeitos podem minimizar os prejuízos à saúde decorrentes da SM. No entanto, a extrapolação destes resultados para seres humanos pode ser comprometida pelo desenvolvimento de tolerância à cafeína após uma ingestão de longo prazo. Sendo assim, novos estudos devem ser realizados com seres humanos para se determinar a dose capaz de promover os efeitos benéficos encontrados.

Panchal SK, Wong WY, Kauter K, Ward LC, Brown L. Caffeine attenuates metabolic syndrome in diet-induced obese rats. Nutrition. 2012 Oct;28(10):1055-62.